19 de Março, 2024

O Search além do Google.

Como a IA está transformando a experiência de busca.

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Andrea Afonso – VP de Mídia e Sócia da Santa Clara

Nas últimas décadas, nos tornamos dependentes das ferramentas de buscas. “Onde fica o restaurante mais próximo?” “Como se faz pão caseiro?” “Qual é o melhor xarope para tosse?” Essas perguntas rotineiras definiram nosso comportamento e os algoritmos passaram a nos “responder” conforme o que eles entendiam ser o mais adequado ao nosso perfil. O Google, com uma participação de 98,9% no Brasil, por muitos anos reinou absoluto (e ainda reina) nos mostrando “o caminho a seguir”.  Quem já teve a oportunidade de comparar diferentes pessoas fazendo a mesma busca deve ter notado que os resultados são diferentes.  Ou seja, conforme cada padrão de comportamento.

Por um lado, temos uma leitura positiva disso: à medida que as plataformas nos conhecem, nos entregam resultados mais relevantes.  O outro lado, um pouco mais sombrio, é o fato de não termos a possibilidade de conhecer novas coisas, assuntos que não estão no nosso radar ou situações que nunca paramos para analisar porque nunca fomos expostos àqueles resultados em nossas buscas, o que talvez pudesse ter mudado o rumo de nossas escolhas.

A chegada da IA Generativa tem revolucionado esse cenário.  O Perplexity https://www.perplexity.ai/ (apenas para citar uma das marcas) trouxe um enorme avanço na forma como fazemos pesquisas.  Exatamente por ser uma ferramenta nova e que, portanto, ainda não nos “conhece”, traz resultados variados de diferentes fontes, com análises e sugestões de outras novas buscas relacionadas ao mesmo tema que podem enriquecer o resultado final. Um acumulado de múltiplas fontes, todas sinalizadas no resultado, aumentando a credibilidade e dando ao usuário a alternativa de escolher qual fonte usar e até aprofundar-se mais clicando no site em referência.

Além disso, as respostas chegam em textos fluidos, quase como um bate-papo, com resumos, exemplos, recomendações, gráficos, imagens e muito mais. Uma experiência bem diferente da conhecida lista de resultados clicáveis em que você se via obrigado a pesquisar sozinho um por um e fazer sua escolha. E o mais interessante é que a busca acontece em muitos ambientes da internet, sem privilegiar os sites de melhor ranking no Google, o que também é uma forma de orientar os resultados.  

Mas é claro que o Google não ficou parado assistindo a esses movimentos e lançou o Google Multisearch. Uma nova forma de pesquisar, muito mais intuitiva e completa, com a vantagem de interligar-se de forma nativa a todo o universo de apps e funcionalidades do Google.

Hoje, é possível unir imagens e textos, fazer upload de PDFs e até encontrar uma música a partir do “cantarolar” do usuário. A busca tradicional através de textos ou comandos de voz dá lugar a buscas com prints de tela, fotos, trechos marcados com um círculo ou simplesmente apontando a câmera para um objeto onde se abrem diversos resultados explicativos. E esses resultados sugerem novas buscas, criando um looping quase infinito de assuntos e possibilidades.

Não é mais uma resposta pontual para uma pergunta pontual. São dados contextualizados. Uma interação real em que a IA acompanha sua lógica de raciocínio, aprende continuamente e sugere, por exemplo, complementos para suas compras de forma orgânica e natural como se fosse um melhor amigo oferecendo uma dica.

Por exemplo: “essa receita que você está buscando harmoniza muito bem com esse vinho, que está em promoção no mercado X e você pode pedir agora na sua casa usando o link abaixo”. Essa é uma das principais vantagens do Google Multisearch, por estar interligado às demais ferramentas do Google, pode acessar o Google Maps, o Gmail, O Google pay, etc.

Os comandos de voz evoluem na mesma direção, deixando de ser perguntas e respostas para se tornarem conversas espontâneas para tirar dúvidas, discutir sobre temas diversos e sugestões de consumo, criando para as marcas um oceano azul de possibilidades interativas. 

Certamente, as questões de LGPD estão sendo discutidas e precisamos avançar muito na definição de fronteiras sobre o que é um serviço personalizado e o que é invasão de privacidade.  

O futuro é instigante e a nossa relação com IA está apenas começando. Há quem se assuste e há quem se empolgue.  A única coisa certa é que não dá para prever o que está por vir. Alguém arriscaria dizer como estaremos vivendo nos próximos 10 anos?