12 de Junho, 2023

Criando um mundo em 7 minutos.

Apps geradores de imagens via I.A. não geram apenas imagens, criam um enorme atalho na relação entre agências e empresas de comunicação para com seus clientes e parceiros. Ferramentas artificiais guiadas por um repertório real e humano.

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Paulo Eugênio – Diretor de Criação e Sócio

Com a minha formação em Publicidade/Propaganda e Direito, pode parecer que amo esse ambiente acadêmico e o universo teórico das coisas. Contudo, sempre fui uma pessoa menos “professoral” já que vejo nos “exemplos” e na prática, a melhor forma de construir um entendimento, uma opinião e experiência sobre determinado assunto.

Talvez, visto isso, me sinto “menos eu” escrevendo um texto que pode parecer cuspir regras, dicas e ensinamentos sobre algum assunto. Pra mim, ele não é sobre isso. Mas sobre expor experiências e conclusões com base em uma amostra que eu mesmo gerei dentro desse universo tão vasto e mutante da Inteligência Artificial.

Por isso mesmo, antes de sair falando sobre I.A. e sair fazendo previsões apocalípticas, resolvi testar, brincar e entender como, a curto e médio prazo, essas novas ferramentas podem afetar a nossa vida profissional. E, ao falar em “ferramenta”, já adianto essa primeira sensação que tive ao vasculhar e vivenciar o tema: para mim, é um poderoso instrumento. Um potencializador do que se passa na sua mente. Um parceiro que lhe ajuda a materializar a mais bizarra e complexa ideia. Sem falar nas mais simples.

Vale lembrar que meu estudo de caso gira mais em torno do Midjourney (ferramenta de I.A. que gera imagens a partir de descrições em texto) do que de quaisquer outras, como Chat GPT ou outras I.A. geradoras, por exemplo, de vídeos ou áudios (sem falar na atual “cartada” da Adobe que busca unir tudo em um “Photoshop Megazord” ágil e poderoso). Uma das mudanças mais significativas e úteis que detectei ao usar o Midjourney foi como a relação Agência X Cliente e Agência X Fornecedores pode e deve ter um salto de qualidade absurdo (Leia-se “Agência”, claro, como também sendo qualquer outro profissional/empresa desse universo da Comunicação, criativos, designers, ilustradores, etc).

Todos nós sabemos o poder que uma “referência” tem no nosso dia a dia. Na aprovação de uma ideia. Na materialização de um projeto. No entendimento. É crucial.

Entre o “contar” e o “mostrar” existe um universo de possibilidades e caminhos.

E é nesse “mostrar” que o Midjourney (entre outros Apps) vem para somar de uma maneira altamente eficaz, ágil e precisa. Uma composição visual que antes poderia levar horas de fusões e montagens em um app de manipulação de imagem, passa a durar alguns minutos caso você construa uma descrição e um Prompt ideal. Um moodboard de referências ou um deck de apresentação passa a se tornar cada vez mais claro, facilmente entendível e bem assimilado.

O mesmo vale para quando falamos de briefings para fornecedores (ilustradores, fotógrafos, produtoras de áudio/vídeo, etc). Mesmo sendo parceiros mais alinhados visualmente e criativamente, referências mais precisas, tornam essa relação cada vez mais produtiva e poderosa. Sabemos o poder de um bom tratamento e de uma PPM bem sucedida.

Nesse cenário de curto e médio prazo, entendo que essas ferramentas devem nos ajudar muito nesse “meio do caminho” entre uma ideia e sua execução final. Com exceção de quando o projeto gira em torno da imagem gerada por I.A. como sendo o coração da ideia. Entendo que, pelo menos por agora, a imagem como resultado final não deveria ser o principal objetivo da ferramenta. Ainda temos um caminho a percorrer sobre regulamentação, precificação, acabamento gráfico e resolução dessas imagens, o que me faz usar a ferramenta com certa cautela e de maneira “menos emocionada”.

Acima de tudo, enxergo esses Apps não como sendo “substituidores de humanos”, mas sim “potencializadores” de mentes e de ideias. E dentre todos os temas discutidos em torno das I.A. vejo que pouco se fala sobre três palavras que, para mim, são “pedras fundamentais” no uso eficaz dessas ferramentas: Repertório, Interpretação e Critério.

Repertório: quando toda a sua experiência de vida, além da tela, referências absorvidas, filmes e séries vistos, artistas apreciados, livros lidos, viagens feitas e outros infinitos estímulos, se tornam insumos de um valor inestimável.

Interpretação: quando não sabemos o que queremos, não sabemos o que temos que fazer. De nada adianta termos toda uma suíte de ferramentas à disposição, se não temos uma mente pensante que interpreta e decifra problemas e entrega soluções.

Critério: para mim, junto com o “Repertório” um dos mais importantes. Essas ferramentas, mais do que tudo, são baseadas em “escolhas”. E a melhor escolha é fruto de um bom critério. Critério esse que só é construído com o tempo. Então, a decisão entre gerar a imagem final ou pedir novas variações pode ser fundamental para uma entrega final mais assertiva e precisa.

Assim como no boom dos carros com adesivação fosca, das centenas de Paleterias e das quadras de Beach Tennis, tendo a curtir o momento, mapear as possibilidades, me familiarizar com as ferramentas e aguardar o que realmente me sobra de tudo isso.

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